quarta-feira, 1 de maio de 2013

Dr morte entrevista Matheus Ferrazeri, personalidade da nova geração de escritores malditos a frente do seu tempo!

Dr morte tem a honra de entrevistar um jovem expoente da literatura marginal maldita, Matheus Ferrazeri, que também é conhecido pelo pomposo nome Aleksandr Koshmarovitch que e conhecido, como todos sabem, pelo seu incrivel amor ao proximo e seu carinho pela humanidade, so que não.

Bom melhor que eu falar e falar será permitir que vocês conheçam mais desse genio criativo e também possam ler e compartilhar suas obras. Também deixo o link do perfil dele para quem quiser conhecer ou apenas babar ovo dele, sintam-se a vontade criancas esta cripta bolorenta e toda de vocês!

Dr Morte: Me Fale um pouco sobre você, uma apresentação, certo?

Matheus: Pois bem, meu nome é Matheus Ferrarezi, tenho 18 anos, escritor e desenhista. Gosto de cagar pela mente e ter vãs esperanças de que um dia isso seja apreciado lol Sonho em trabalhar com animação e criar um desenho animado foderoso algum dia, e antes de morrer incutir o caos e a discórdia no coração do homem. Pretendo ter uma banda de black metal sinfônico futuramente também, aguardem os quilos de carne podre a serem atirados em vocês.

Dr Morte: Isso foi lindo estou quase me entregando as lagrimas, enfim, eu percebi que você é muito versátil em relação à literatura, escreveu contos, poesias, crônicas... Qual é o seu estilo favorito de escrita e por quê?

Matheus: Sabe, eu não tenho um estilo favorito, eu faço o que me dá na cabeça de fazer. Tipo, minha mente me diz: “Escreva tal coisa”, tipo, sei lá, uma peça, um conto, qualquer coisa. Então eu vou, pesquiso a estrutura e faço, porque é legal ousar e experimentar com a arte, descobrir até onde o limite da sua cabeça vai. Exercitar a criatividade, sabe? Faz bem pra mente e pro seu trabalho.

Dr Morte: Bacana. Que se meu cérebro já não tivesse sido devorado pelos vermes eu tentaria, mas admiro isso com certeza.  Então cara, lendo suas obras eu pude perceber que ao mesmo tempo em que você procura transmitir algo profundo, um sentimento enraizado em sua própria pessoa, você também é bem ácido em relação a fatos cotidianos da vida, como na crônica INCOMPETÊNCIA. Como explica essa furação de sentimentos?

Matheus: Eu desprezo a existência humana. Acho que Deus só criou o ser humano pra se divertir com a burrice dele, e ninguém faz nada pra mudar isso. O pessoal é tão enraizado em dogmas, não tem coragem de ousar, pensar fora da caixa. Os que têm a sorte de fazer isso são rechaçados, tachados de estranhos, e eu sofri muito com isso quando era mais novo (bullying, crises familiares). Então sempre que tenho a oportunidade eu desço o pau na raça humana, porque eu me sinto desonrado em ser parte dela. Recuso-me a acreditar num Deus que não fez de mim um protozoário, ou qualquer outra coisa. Mas o “Incompetência” não é assim TÃO misantrópico que nem certas obras minhas (vide meu poema “Dor e amizade”, que é satírico pacas), ele é mais sobre sentir pena de si mesmo e ter medo de fazer o que você quer por timidez ou vergonha (algo que infelizmente eu faço demais, por ser uma pessoa tímida.

Dr Morte: Gosto do seu jeito de pensar eu também odeio os seres humanos, exceto na hora do jantar. Mas cá entre nós, a crônica citada acima e baseada em algum evento da sua vida?

Matheus: Sim, é. Quando eu entrei pro Ensino Médio, isso em 2009, fiz amizade com certa garota chamada Camila Martins. Numa época que eu não tinha amigo nenhum, ela foi a primeira a puxar papo comigo, então a gente desenvolveu um laço bem forte de amizade. Mas por ser algo novo que eu nunca tinha tido [compreensão], eu vinha empurrando ela cada vez mais pro meu mundo, sem dar espaço pra ela se desvencilhar, daí acabou declinando e a gente brigava todo dia.
Em 2010 eu fui fazer SENAI (uma das piores experiências da minha vida, por sinal), e ela também, e a gente esperava ônibus juntos assim que a aula acabava, e eu ficava encarando ela em segredo, querendo pedir desculpa, mas eu nunca conseguia dizer nada, as palavras travavam na boca, e quando eu finalmente encontrava o que dizer, “puf”! O ônibus dela chegava, ela ia embora enquanto eu esperava o meu chorando silenciosamente e com um ímpeto de jogar minha cabeça embaixo dele. Vários dias essa porra se repetia.

Essa crônica surgiu como uma atividade escolar. Mas como eu sou uma pessoa dedicada, eu não quis fazer com que parecesse algo feito pra escola, quis colocar todo o meu sentimento de fracasso, fazer algo que exalasse emoção, porque se é pra fazer algo ruim, antes nem fazer lol E até hoje, eu considero o “Incompetência” como o meu trabalho mais sensível e pessoal até então, da mesma forma que o Tim Burton tem o Edward Mãos-de-Tesoura, eu tenho o “Incompetência” lol E não foi nem será o último texto que eu dediquei/dedicarei pra Camila, eu gosto de escrever pra ela, tanto é que 90% dos meus textos são pra ela. Eu fiz um bendito livro pra ela duplo lol E devo dizer que foi muito bem recebido.

Dr Morte: Caramba um livro! Isso é talento puro com certeza... Então, quais os grandes nomes da literatura que lhe inspiram e por quê?

Matheus: Minhas primeiras influências literárias foram Álvares de Azevedo/ultrarromantismo brasileiro no geral, e Lord Byron, que eu descobri folheando meu livro de Português. Eu tava numa fase gótica na época (eu tinha uns 15, 16 anos), e aquilo falou tão alto pro meu coração que eu quis fazer algo igual. Meus primeiros poemas eram todos imitações do Azevedo e do Byron, mas quando eu fui maturando literariamente, eu fui encontrando outras fontes, até que se tornou algo mais original. Minhas principais influências continuam sendo o Azevedo e o Byron, mas também com pitadas de Goethe, Voltaire, Marquês de Sade, Edgar Allan Poe, John Milton, Sheridan Le Fanu, Almeida Garrett, Edward Gorey, Tim Burton, Camilo Castelo Branco e as letras do Jon Kennedy e do Dani Filth, e quando eu era muuuuuuito mais novo, antes de eu fazer poesia, eu apreciava a J. K. Rowling e o Lemony Snicket, que foram quem me incentivaram a escrever, pra começo de conversa. Eu imitava muito o Sr. Snicket nos meus diários, que infelizmente não os tenho mais. Mas parando pra pensar, isso é bom porque o pessoal não ia mais me levar a sério se os vissem. Como disse o querido Tim Burton, pessoas gostam de ser assustadas, então eu tento fazer da minha arte o mais dark que eu posso, e também porque a verdadeira expressão vem da tristeza, vem das trevas, não daquela felicidade robótica, artificial e pudica de uma Clarice Lispector, de um Caio F. Abreu, e pá.
Dr. Morte: Concordo cara. Sei que muita gente já deve ter lhe perguntando isso, entretanto eu confesso que estou muito curioso, de onde vem e por que o nick Aleksandr Koshmarovitch?
Matheus: De fato, muita gente me pergunta, mas eu adoro responder ! É mais um sinal da minha criatividade autista; eu queria inventar um nome que assustasse as pessoas, incutisse o temor no coração delas – então eu optei por criar algo russo, porque todo mundo tem medo da Rússia e eu adoro a Rússia também, então o Aleksandr vem do famoso escritor Aleksandr Pushkin, outra das minhas influências, e o Koshmarovitch deriva de koshmar – “pesadelo”, em russo. Eu tenho uma grande facilidade pra inventar nomes e brincar com palavras. Tanto é que eu invento os nomes das minhas personagens com a maior facilidade do mundo.
Dr Morte: E em relação à música, qual seu estilo e bandas favoritas? Fã de algum artista?
Matheus: Eu gosto muito de black metal, em particular o black sinfônico, porque mistura pompa e misantropia, graça e emoção, amor e ódio... Minhas bandas favoritas do gênero são Hecate Enthroned, Tvangeste, Bishop of Hexen, Cradle of Filth antigo (1991-2000), Carach Angren, Emperor... inclusive sou muito amigos dos caras do Hecate e do Tvangeste, a gente conversa  quando dá, inclusive tenho uma foto autografada do Tvangeste, que o vocalista me deu. Em âmbitos de um BM mais tradicional, eu curto Mayhem, Gorgoroth, Dødheimsgard, Darkthrone... Também ouço rock gótico (The Cure, Bauhaus) e shoegazing (Alcest, Les Discrets), e o rock psicodélico do meu amigo Ciro Pessoa – ele é bem gente fina, fui ao show dele em agosto do ano passado, tenho os dois CDs que ele lançou também, mas no momento não ando muito zen pra escutar. Ouço muita coisa underground, não gosto de me ligar à mídia mainstream. Tem que dar prestígio pra gente que realmente precisa, não pra quem já o tem.
Dr Morte: E filmes de horror, algum predileto? Algum diretor ou artista favorito?
Matheus: Eu gosto muito do Tim Burton, os filmes dele sempre falam ao meu coração porque ele cresceu como eu – sozinho, sem amigos, apenas lendo, escrevendo e desenhando, eu sempre choro em quase todos os filmes dele – sinal que é um expressionismo bem feito. Quanto a filmes de terror, eu aprecio muito os do Roger Corman e do Ed Wood, eu adoro “Plano 9 do Espaço Sideral”, aquele “Drácula” famoso com o Béla Lugosi, qualquer coisa com o Vincent Price, eu assisto também... Eu em particular gosto do cinema expressionista alemão, meu filme favorito do gênero é “O Gabinete do Dr. Caligari”. Outros cineastas que eu gosto são Henry Selick, Alex Proyas, Ladislas Starevich, Lotte Reiniger, Ray Harryhausen, eu sou um nerd de animação porque eu também quero trabalhar com isso. Então eu aprecio muitos filmes animados, em qualquer técnica – mas tenho um amor em especial por stop-motion.


Dr Morte: Para encerrar o que gostaria de ver escrito em sua lapide quando sua mente de gênio já tiver sido devorada pelos vermes e nada restar de você alem de ossos e lama?

Matheus: Enquanto vocês tão se fodendo, eu tô aqui descansando!

Dr Morte: Foi profunda essa frase e mexeu com os meus restos mortais. Agradecendo pela sua paciencia e mal gosto por achar esse blog uma beleza, deixarei aqui um de seus poemas para atiçar a curiosidade dos seus novos leitores. Apreciem seus vermes é realmente uma beleza!

Adeus!

"Sonhei muito! Sonhei noites ardentes
Tua boca beijar... eu o primeiro!
A ventura negou-me... mesmo até
O beijo derradeiro!

Só contigo eu podia ser ditoso,
Em teus olhos sentir os lábios meus!
Eu morro de ciúme e de saudade...
Adeus, meu anjo, adeus!"
(ÁLVARES DE AZEVEDO)

Adeus! Me despeço de sua presença
C'o olhar marejado e o orgulho ferido
Mas antes escuta teu pobre poeta:
A elegia moribunda dum coração partido!

Lembres-te do quanto eu te amei
E por ti gastei horas a fio só chorando -
Crendo que um dia eu te abraçaria -
Passava meus dias por ti suspirando!

Lembre-se das ilusões que eu tive -
Febril e amoroso lançava-as a ti!
Mas tu as destruíste, e agora estão podres;
Ah! Nunca mais elas voltarão a mi!

Ainda duvidas? Pergunte ao céu
E ele então irá lhe contar
As noites em claro que sempre passava
Procurando nas estrelas o seu olhar!

Cansado da insônia, formava na mente
A imagem de teus cabelos sedosos;
Imaginando que os acariciava,
Dormia mergulhado em empíreos gozos!

Ah, como eu quis pegar-te no colo,
Beijar-te as cálidas faces morenas,
Sentados à beira dum límpido lago -
Duas almas se amando, tranquilas, serenas!

Perdão por meus sonhos áridos e vãos;
Nunca mereceste-me como um amor.
Mas tu, ó Camila, és como a rosa:
Tão linda, mas enche o poeta de dor...

Derrotado, caído, de tua presença
Retiro-me sem ter mais nada a dizer.
Por ti calarei o fogo de meu peito:
Sei que não há nada que eu possa fazer.

Tu acharás um amante que presta;
Não um boêmio que bebe e se afunda na orgia.
Mas eu faço isso para me esquecer
Que amei-te, lasciva morena, um dia.

Só peço que um dia, quando sozinha estares,
Lançai uma oração à minha lápide fria:
Lembrai-vos do louco que aos teus pés se jogou,
Do mórbido poeta que amou-te um dia!

Matheus Ferrazeri ( Aleksandr Koshmarovitch )


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